...por anos era assim que eu acordava: 04 da manhã, lá estava "ieu" vivendo na minha velha e boa Ponta Negra (Natal/RN)!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

UMA TARDE SEGUNDO "EU"...

... escrito aos 13 de maio de 2011, sexta-feira.

Sympathy For The Devil – música dos Rolling Stones, “pero”, Guns ’n Roses tocando. Inconfundível. Agora, paro um pouco de escrever. Após ter falado com um dos meus filhos, que mora em Madrid, vim para este café “bater o ponto”. Aqui é um lugar muito agradável e bonito. Fica numa praça, as mesinhas do lado de fora permitem que se fique bem à vontade. Árvores, algumas casas antigas que se transformaram em lojas, bancas de revista e um “túnel” feito de lojinhas de flores completam a paisagem. Muitas pessoas circulando por aqui dão o tom de cidade grande. Sim, este ligar me atrai, pois além de servir um dos melhores “cafézes(*)” que já tomei nesta cidade, há aqui um clima bom. Os donos, dois irmãos, e sua mãe estão sempre no local, e são eles que atendem aos fregueses. Todos eles são “boa praça”, pessoas boas de conversar e que fazem a gente se sentir bem à vontade. Sabe aquela sensação de sentir-se em casa? Quase sempre que estou aqui me sinto inspirado para escrever. Além de tudo isso, pode-se fumar nas mesas, pois estamos a céu aberto. Perfeito...

... o café, num dia qualquer. Tirado do site flickr.com. Este cara não sou eu...
(*) CAFÉZES: hábito “piadístico”, minha maneira de referir-me ao plural de café, que para os demais mortais é Cafés. Assim o digo, por melhor que esteja esta bebida. Minha mulher já não agüenta mais quando falo isso em público, pois acha que as pessoas me tomarão como um ser que ignora os plurais. Sinto muito, querida, mas nada posso fazer em relação a isso: é algo mais forte que eu...

            Sentei-me aqui hoje com a intenção de fumar, tomar um café e escutar as mais de 50 músicas que baixei para o meu celular. Donavon Frankeinreiter, Mecano, Amistades Peligrosas, algumas do filme Pulp Fiction, The Cult, Guns e muitas outras. Ledo engano achar que eu conseguiria ficar sentado ali, parado. Minhas mãos logo começaram a coçar, fiquei inquieto e quando dei por mim, lá estava meu caderno bem à minha frente, folha em branco e caneta a postos. Mesmo sem nenhuma idéia concreta sobre nada, sequer uma frase para iniciar algo, poema ou conto, eu sabia que iria escrever. E comecei, mesmo sem título ou assunto nenhum. “Por que eu vejo as coisas diferentes de como elas realmente são?”.
            Esta frase surgiu assim, do nada. A música tocava só para mim, ensurdecendo-me em relação ao mundo exterior. Assim o texto foi fluindo, a caneta não conseguia mais parar, criando algo meio amorfo, algo que eu sequer sabia onde iria chegar. Após alguns muitos parágrafos foi que me dei conta do quão interessante é olhar as pessoas ao redor e escrever sobre elas, sem saber o que realmente estão dizendo. Mais que imaginá-las, me é possível senti-las. É fácil fazer isto quando estas têm apenas imagens e não sons, pois as conversas entre elas não me fazem divagar e perder-me por outros caminhos, pelo que elas dizem. Fico então livre para pensar o que quiser sobre todos. Para criar seus mundos, senti-las pelo olhar, pelo que vejo.


... também do site flickr.com
             O único porém é que, para fazer isto, você tem que ter cuidado para não ser mal interpretado caso seja pego olhando alguém assim, nos olhos. Você tem que ser econômico no olhar. Ser rápido, vê-las não com os olhos, mas com a alma. A música te ajuda porque faz você olhá-las sem nenhuma idéia pré-concebida do que estaria escutando delas, e sim com a cabeça vazia. Somente captá-las. Observá-las.
            Esta observação surda vale não só para as pessoas, mas também para todas as “cousas”: prédios, carros, cores, clima, o dia em si... Isto é sentir o mundo. E por mais louco que isto possa parecer, não importa, é bom colocar tudo isto no papel, sem nenhuma preocupação do quê ou de como será tudo. Então, lá vai. Se você agüentou ler isto até aqui, boa viagem e espero que goste...

... pra varias, ainda o café. do site curitiba.paises-america.com



UMA TARDE SEGUNDO "EU"

Por que eu vejo as coisas diferentes de como elas realmente são? Como se, em vez de enxergar o mundo, eu o sentisse. Parece que tudo tem sua consistência: o ar, a luz do sol, o cinza de uma tarde como hoje... Tudo isto pode ser sentido.
            Às vezes olho as pessoas e posso saber exatamente como elas são. Quase a ponto de saber o que pensam. É, saber como se sentem. Como se eu soubesse até o caráter delas. Através dos seus olhos, dos gestos, sei como elas são, como se sentem. Muitas das que passam por aqui agora estão vazias, perdidas em si mesmas, ou de si mesmas. Apenas vagando.

... do site macanderson.com.br

            Um grupinho de pessoas na mesa ao lado está ansioso por hoje ser finalmente sexta-feira. E não importa se é dia13, pois finalmente hoje é sexta-feira! Dentre eles alguns têm uma cumplicidade, diria eu, até proibida. Dali se poderia conseguir um bom material para um livro que envolvesse traição, ganância, relações extraconjugais e outros assuntos ilegais. Numa outra mesa ao lado deles um homem os observa. Ele os conhece, pois até ri com eles, mas sente-se excluído, pois não participa dos sentimentos deles. Ele também está eufórico com a chegada do final de semana, mas sua euforia é superficial em relação aos demais. Sente-se inferior até em não ser um deles. E sua não-aceitação não é devido à diferença social ou hierárquica. Simplesmente é porque eles o classificam como um chato.

O senhor de ascendência japonesa, baixinho, que passou por aqui meio encurvado de frio, mãos nos bolsos, estava preocupado. Talvez os negócios não estejam indo muito bem. Queda no movimento, vendas abaixo do esperado nesta época do ano, contas a pagar, prazos vencendo. Mas, pela sua expressão ele sim vai conseguir saldar suas dívidas em tempo. Como sempre o tem feito. Afinal, sua casa, filhos, esposa e alguns parentes dependem disto. Em seu olhar está a certeza disto. Cada ruga daquelas que ali se estabeleceu custou-lhe objetividade nos pensamentos, retidão e firmeza nos atos. Ele vai ficar bem, até o meio do próximo mês, quando as preocupações tornarão a aparecer, impulsionando-o ao próximo e repetitivo desafio.
... do site judhukika.wordpress.com
           
Do casalzinho apaixonado na mesa em frente não há muito que divagar. É paixão mesmo. Sim, eles se gostam. Bem jovens, daqueles casais que sentam bem pertinho um do outro. Beijos de olhos fechados.  E que, mesmo quando os “cafézes” chegam, obrigando-os a uma separação, continuam se tocando com as pernas, as pontas dos joelhos. Eles só têm olhos um para o outro. Seus carinhos não estão baseados em exibicionismo ou qualquer tipo de narcisismo, mas em carinho mesmo! Isto é tão bom...

Dois homens em uma outra mesa. Chegaram há pouco. O grisalho toma uma xícara grande de café, do tamanho da minha, só que com chantilly (Uuuuiii...). E fuma. O outro, mais jovem, só fuma. Deduzo que eles trabalham juntos, e que o assunto que o mais velho relata é sobre algum fato que ocorreu na empresa. Uma determinada situação onde ele conseguiu algo positivo, mesmo infringindo alguma(s) regra(s). Não sei se regras de funcionamento da empresa ou simplesmente regras morais, princípios. O outro o escuta, concorda com a cabeça, sorri até, mas vejo que no fundo ele não está de acordo com os métodos empregados pelo colega. Seu olhar reflete bem a sua posição, mas ele não externa sua opinião. Ele não o faria assim. Não ele. Tudo bem, ele não vai contar nada ao chefe, pis seu coleguismo evoluiu já para um nível de amizade, camaradagem. Mas realmente ele desaprova a atitude do outro. Por detrás dos óculos seus olhos denunciam retidão de caráter. E, em excesso.

...do blog varaldecalcinhas.blogspot.com
Rondam por aqui algumas prostitutas. Parecem ser já um patrimônio histórico do local. Elas são educadas, não se oferecem abertamente a ninguém, sequer com olhares. Acho que se eu ilhar nos olhos de alguma, aí sim haverá reciprocidade. Mas, eu é que não vou me ariscar! Elas são, digamos, tipicamente curitibanas, devido à seriedade em suas expressões. Até parece que não falam com estranhos! Se as visse em qualquer outro lugar, numa loja ou num shopping, por exemplo, jamais adivinharia suas profissões, pois seria fácil tomá-las por mães ou avós comuns, pacatas donas de casa.


... do blog diogenesdi13.blogspot.com
            A morena, mais baixa, hoje vai ter clientes. Será um dia bom para ela. Está segura disto, talvez até o encontro já esteja maçado. Ela anda com desenvoltura, nada exagerada, mas há segurança nos seus gestos, no seu sorriso. Já a Senhora loira, com mais idade, está preocupada. Ela olha as pessoas ao seu redor com uma certa angústia. Está negativa mesmo. Talvez até consiga alguém, mas certamente irá querer esquecer esse dia...

... do blog ripanosmalandros.blogspot.com
           
Daqui observo uma igreja. Catedral. Meu irmão contou-me que há muitos anos atas ali se salvava apenas as almas dos brancos. Sim, as cores do céu. A cor preferida de deus. Havia na cidade uma outra igreja, destinada aos negos, não muito longe dali. Imaginem isso: uma religião que hoje tem milhões de seguidores, que com alarde prega a paz, a igualdade e a fraternidade, no passado privilegiava mais aos claros que aos escuros... Quando é que as pessoas irão acordar?


... a igreja, escondendo seu passado com tamanha beleza. Do blog rafaelfabriciomkt.blogspot.com

Na torre esquerda da igreja, num estreito parapeito, passeia um casal de pombos. O macho, marrom, persegue a fêmea – branca, e cada vez que ele se aproxima dela, encurralando-a, ela voa para o outro lado. E ele a segue, tentando outra vez. São três tentativas no total. Ele em que tentou, mas hoje não! Dor de cabeça, indisposição, TPM (pombos menstruam?!?!?), ou simplesmente, hoje não! Como todo macho ele vai continuar as investidas. E é bem provável que ela, como toda a fêmea indisposta, seguirá negando. E então? Se for mesmo verdade que os pombos são monogâmicos, então hoje ele vai ficar o resto do dia “de bico”. Bem, ele sempre está de bico. Melhor: vai ficar de mau humor mesmo. Agora, se a tal monogamia dos pombos for apenas uma lenda romântica, então vai ser fácil ele recuperar seu bom humor. Não é só a arte que imita a vida, mas seres humanos e animais se parecem muuuuito...

... do blog musasfitness.blogspot.com
A vendedora de flores está com uma cliente. Ela segura um vaso com flores rosa – flores do campo, acho – com uma decoração de gosto duvidoso devido ao excesso de papeis decorativos com suas cores berrantes que ornam o tal vaso e um horrível laço “pregado” à alça deste. A vendedora, uma bonita jovem, explica algo à cliente, que parece ser recepcionista em uma grande empresa. São muitas as perguntas da cliente respondidas pela moça. Ela é uma boa vendedora, pois mesmo não estando com a cabeça ali naquele momento (não, ela não foi decapitada, só está com os pensamentos em outro lugar que não ali), a venda foi efetuada. É bem certo que a cliente já estava pré-disposta a comprar flores, mas não podemos tirar o mérito da vendedora. Enquanto atendia a senhora, ela estava preocupada. Olhava muitas vezes para o lado, mesmo enquanto falava, procurando alguém. Provavelmente esperando o namorado que ficou de passar ali para vê-la e, mais uma vez, não apareceu. Ela desconfia – talvez até já tenha certeza – de que ele a está traindo. Mais uma vez...


... do blog bebumentediado.blogspot.com
Após a venda ela conversa com outra vendedora. Sua comissão não deve ter sido tão boa a ponto de contentá-la, pois ela se expressa com agressividade, contando-lhe algo. E seu dedo indicador, em riste, denuncia sua raiva. Sua indignação. Aquela seria a última traição dele! Por que ela tinha que ter se envolvido com alguém como ele? Chega! “Dessa vez é sério!”. E o pior é que o pobre rapaz, para tentar persuadi-la, terá que ser muito criativo no presente. Nada de flores...
Hoje é o dia de sorte dela. Pelo menos no trabalho, pois já está atendendo novamente.  Duas clientes ao mesmo tempo. Flores, flores, flores... Melhor ela ter muitos clientes hoje, mergulhar no trabalho. Isso vai ajudá-la a esquecer um pouco da própria vida.

            Um senhor anda com dificuldade do outro lado da rua. Uma muleta, dessas de alumínio, apoiando-se nela com o braço direito. Negro, cabelos brancos, usa uma camisa xadrez, calças confortáveis e tênis. Óculos também. Depois do que lhe aconteceu, AVC provavelmente, teve que reaprender a viver. Readaptar-se à sua nova condição. A palavra “pressa” passou a ter outro conceito. Pelo jeito ele já está assim há tempos. Os piores momentos, os do começo, já se foram. As dores, a incerteza do que lhe sobraria de vida - se é que sobraria algo - quais seriam suas limitações, tudo isso ficou para trás. Hoje ele está resignado. E consegue até ser feliz. Afinal, superar o medo da morte, vencer um momento assim faz com que qualquer pessoa aceite o que lhe vier. E de bom grado.
... do site zazzle.com.br
            Certamente que a dor não foi exclusividade dele. Seus familiares também sofreram – e muito! Afinal, ele é uma pessoa muito boa, daquelas que são amigas de verdade. Quando “aquilo” lhe aconteceu, todos os seus brigaram com deus, perguntando-se o porquê daquilo ter acontecido logo com ele! Tantos políticos e ladrões (perdoem-me a redundância) saudáveis por aí, mais merecedores de tal castigo... Por que logo com ele? Sim, a revolta foi grande, mas logo deu lugar ao alívio. Alivio de ele ainda estar ali, vivo, podendo falar, andar, pensar. Resignação mesmo. E, em parte, ele os ajudou nesse processo de aceitação, fazendo com que todos, como ele, se redimissem com o “Criador”. Religioso que sempre foi, em vez de raiva, ele agradeceu o fato de ainda não ter chegado a sua vez. Inclusive alguns até admitem – secretamente, claro – que depois do que lhe aconteceu, ele até se tornou uma pessoa melhor, mais serena, calma e compreensiva. Até ele, pelo que vejo, começa a admitir isso. Pois hoje ele já não sai mais com os amigos à noite para beber e arranjar algumas “namoradas”, enquanto mulher e filhos sentem sua falta em casa, à sua espera. Então, admitindo isto, ele estará totalmente em paz. Foi-se. Sumiu da minha vista. Bem, "Vá em paz" senhor...

Lá está ela: a mulher-gari.  Com sua potente vassoura e seu uniforme cor de laranja-radioativa, estacionou seu “carrinho-lixeira” na esquina e varre aquele trecho da rua. Ela o faz tão mecanicamente que tenho certeza que se alguém atravessar seu caminho jamais casará, pois ela varreria os pés dele sem querer.


... do site housefashion.com.br
Já a vi em outros locais da cidade. Ela é baixinha, suas feições me lembram o Chaves (do Kiko), da TV. Tem um olhar meio vazio, perdido, típico das pessoas que não muito chegadas a pensamentos mais profundos. Uma vez, fim de tarde, passei por ela numa determinada rua e a vi separando algo do lixo antes de depositá-lo em sua lixeira. Era um tesouro qualquer, algo que ela teve a sorte de encontrar, separando-o para si. Nossos olhares se cruzaram exatamente no instante da sua alegria diante daquele achado. Ela pareceu envergonhar-se, seu rosto praticamente sumiu dentro daquele chapéu engraçado que ela usa, da mesma cor do uniforme e com grandes “orelhas” que lhe chegam aos ombros. Então, naquele exato momento, captei o que ela sentiu com tamanha intensidade que a vergonha dela passou para mim. Fiquei com tanta vergonha em tê-la surpreendido naquela hora que simplesmente não consegui sequer cumprimentá-la, desviando meu olhar para o chão, para bem longe daquela situação. Isso mesmo, normalmente cumprimento pessoas que não conheço, principalmente se são trabalhadores das ruas ou gente “sofrida” em geral. Acredito que, às vezes, sorrisos e palavras são como um agasalho para almas mais necessitadas. Mas, ali, não consegui. Fiquei mudo e envergonhado por ela. Transferência de sentimentos em excesso, creio eu...

... do site irrestrito.com

Lá está ela, na outra esquina. Sua desenvoltura com a pá e a vassoura é impressionante: rapidamente ela recolhe toda a sujeira ao seu redor, isso em meio aos nervosos e apressados transeuntes que passam por ela. Agora entendo por que seu uniforme tem aquela cor tão berrante: os pedestres sempre desviam dela, pois mesmo com pressa, no meio do caminho eles percebem com o “rabo do olho” aquela cor que indica “ATENÇÃO PERIGO!”, e mudam suas rotas. Só não sei por que suas luvas são azuis. Acho que aí é uma questão de gosto...
Hoje ela não me viu. Agora, ao terminar de escrever isto, olho novamente e ela não está mais lá. Melhor assim, pois eu já estava tão envolvido neste assunto que protelava a idéia de ir até ela para agradecê-la por manter a cidade tão limpa. Acho que levaria uma vassourada na cabeça. Então ta. Bom trabalho para você! Espero que encontre muitos “tesouros” hoje!
Engraçado. Não sei precisar ao certo há quanto tempo estou aqui. Algo em torno de duas horas ou mais. Em todo este tempo minha única interação foi com um dos donos do café, a cumprimentá-lo e a pedir “cafézes”. De resto, ninguém mais. Esse exercício mental abstraiu-me do mundo e de mim mesmo. Como se eu não fosse realmente mais uma pessoa sentada aqui. Acho que me transformei num narrador onisciente, daqueles que contam a história sabendo e vendo tudo o que se passa, mas sem participar dela. Como se eu não estivesse aqui. E as poucas pessoas que me olharam, não me viram realmente, pois estas pareciam enxergar através de mim. Não fosse o Ale, meu amigo que me atendeu, eu questionaria, além da minha sanidade, minha própria existência hoje.

... do blog ade400.blogspot.com

Neon Sunrise – I am Giant. Se você ainda não conhece esta banda, vale à pena dar uma conferida no Youtube. Muito boa. Eu e minhas propagandas gratuitas... Começo a ficar ansioso agora, meio com raiva até. Quero sair daqui, andar pelas ruas, talvez ir a uma “Lan House” checar como anda o mundo virtual: e-mails, ofertas de emprego de “gente grande”, comentários no Blog, mas não consigo. A inspiração continua e tenho que encontrar um final para este texto. Acho que a ansiedade vem das duas xícaras grandes –baldes - de “cafézes”. Melhor pedir uma água mineral com gás. Talvez assim eu desacelere um pouco...
E você, o que pensa quando vê alguém andando pelas ruas? Talvez você ande tão acelerado que nem perceba o que se passa ao seu redor. Com pressa, atrasado, com tantas metas e objetivos a serem atingidos, muitas vezes você, em alguns momentos, nem repara que existe mais alguém além de você. Talvez viva tão mecanicamente que nem sinta mais os dias passando para você.

.. pois é.. do blog marciaamad.blogspot.com
Quantas vezes você não teve a certeza de que o tempo, ultimamente, anda passando rápido demais? Pensamentos do tipo: “Nossa, mas já faz tanto tempo assim? Parece que foi ontem...”, ou “Credo, já estou com 43 anos!”. As crianças crescem rápido demais. Rugas brotam em sua face assim, do nada, como que da noite para o dia, e você nem as percebe a tempo! Seus parentes envelhecem muito rapidamente, o natal parece que vem logo após o carnaval. Como é possível tudo ser assim, se os dias ainda tem 24 horas e os anos, como sempre, têm seus 365 (alguns 366) dias? Como?!?!?!
Já “falei” sobre isto antes, mas nunca é demais insistir: sempre que você se pegar com essa sensação, esses pensamentos sobre o tempo “a jato”, pare tudo. Pense! Se, fisicamente, o período de tempo é sempre o mesmo, então é impossível que este esteja passando mais rápido. A resposta para esta questão começa pelo “velho” Einstein: o tempo é relativo! Se você vive sem perceber que está vivo, sem sentir suas horas, seus dias, então sua vida passará por você assim, sem que você se dê conta que está vivendo. E você não perceberá o que acontece ao seu redor. E aí, meu camarada, você não vive, você sobrevive.


... do blog agadirangel.blogspot.com
Talvez você esteja pensando demais e sentindo de menos. Claro que pensar é essencial, mas geralmente, ou pensamos muito no que fizemos, antes, ou então ficamos “matutando” sobre o que faremos, depois. Aí estaremos sempre, ou vivendo sempre no passado, ou no futuro. E o presente seguirá passando por nós assim, sem que vivamos este momento.
Por exemplo: quando comecei a escrever isto, era presente. Já virou passado. E agora mesmo, no instante em que minha caneta cria novas formas de letras e palavras (a bem da verdade, garranchos quase que incompreensíveis, diria eu), escrevo e vivo isto, sinto cada segundo do que estou fazendo agora, do meu presente. Vivo o meu momento, o meu “agora”, agora mesmo! E quando eu for revisar e depois digitar tudo isto (só de imaginar bate uma preguiça daquelas!) estarei relendo e analisando um passado que vivi plenamente, cada segundo dele. Sim, saboreei cada instante da minha vida neste momento.


... do blog milajolie.blogspot.com

Então, senhoras e senhores, o que espero de tudo isto? Simplesmente dar-lhes um conselho: desacelerem um pouco! Já que todos precisamos de rotinas para viver (creio que o ser humano hoje se encontra na fase do Homos Rotinificus), que tal incluirmos nesta uma pausa? Num momento qualquer, pare tudo, feche os olhos e respire devagar, sentindo o ar entrando pelos seus pulmões ao inspirar. Saboreie-o. Tente inalar um pouco mais de ar do que o normal. Então, prenda-o por alguns poucos segundos e depois, solte-o devagar. Assim, expirando um pouco além do seu limite. Repita isto algumas vezes. Asseguro-lhes que esta prática, se incorporada ao seu dia a dia, irá trazer algo diferente para você. Parece que tudo dá uma “aliviada”, que as “cousas” começam a fluir de uma forma diferente. Não tenha medo, pois com certeza mal não lhe fará.
Outra “cousa” boa de se fazer é, em qualquer situação, dar um basta à realidade. Como se você saísse um pouco de você mesmo. Tipo: você está numa situação qualquer, fazendo algo comum, mecanicamente. Naquela hora, imagine-se como se você fosse uma outra pessoa, vendo você fazer aquilo. Como se você se afastasse um pouco daquilo, tornando-se um observador de você mesmo. Isso faz você enxergar aquela situação de uma outra maneira, sob um prisma diferente, e conseqüentemente você verá detalhes sobre aquilo tudo que antes lhe passavam desapercebidos. Ajudará a ampliar seus horizontes, a ver novas possibilidades em tudo.


... do site gilsoncamargo.com.br

Estes foram dois pequenos exemplos de “atividades” que lhe ajudarão a frear um pouco, a sentir mais você em cada momento seu. Alguns chamam isso de meditar. Outros dizem que se parece com relaxamento. Sei lá, não gosto de rotular nada, nem de seguir cartilhas sobre isto. Sei que isso me faz bem. Você vai sentir algo parecido com o que eu sinto quando estou lá fora, sozinho, sentado na prancha, esperando as ondas chegarem. Não me desespero em esperá-las, pois lá sempre procuro ficar calmo e relaxado. E isto me dá a certeza de que elas logo virão para mim. Certeza esta que vem da calma que me invade quando troco o pensar pelo sentir. Sinto-as vindo, marchando até mim no horizonte, chegando...

Depois de ler tudo isto você pode concluir que eu finalmente enlouqueci! Com certeza você não será a primeira nem a última pessoa a pensar isto. E, cá entre nós, não me importo nem um pouco com isto – se me importasse, não teria publicado este Post. Se esta for sua conclusão, não deixe de ler meus próximos textos, pois dizem que ler escritos malucos diverte a gente, descansa um pouco o cérebro.


... do blog malkavian_vampire_loko.blogger.com.br

Sei apenas que tenho o meu “feeling”, minha forma de ajustar minhas idéias. E, melhor ainda, sinto-me muito bem comigo mesmo. Realmente, isto é o que importa. Pouco a pouco, dia após dia, vou-me conhecendo melhor, descobrindo-me, aceitando-me mais e mais. Sinto que este é o caminho. O meu caminho. Então, procure o seu, fique em paz com você mesmo. Garanto que vale muito à pena!
PS: Este texto que você acabou de ler me veio assim, de um jeito todo estranho. Primeiro descrevi a tarde, sentado aqui, vendo as pessoas ao redor com um “fundo musical” particular. Depois veio o título e, por fim, a explicação de tudo, que está lá no começo. Se você chegou até aqui, agradeço um comentário qualquer, mesmo que seja uma sugestão de internamento imediato, remédios controlados ou quem sabe abandonar papel, caneta e principalmente os “cafézes”.

... do site bestrecados.com


9 comentários:

  1. Poderia ter um ˜curtir˜! Igual do facebook, saca? hahahaha... Rafa Righi curtiu isso! BEIJOOOO

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  2. ADOREI!!!! Concordo com o "Curtir".
    Jean Yves-Leloup considera ainda que a meditação sem compaixão torna-se uma forma de auto-hipnose, de fuga do mundo, e a compaixão sem a meditação, um ativismo sem discernimento e sem profundidade.
    bj

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  3. Tomaremos alguns cafézes nessa maravilha quando eu baixar por ai.
    :-)
    Abração, Brother !!!

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  4. Rafa...!!! Pois é. não sei sa dá pra colocar um "curtir", mas só em você ler e gostar já tá demaizão!!! E, se puderes, espalha pros teus amigos do meu brogui... Bjao enteada!!!!

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  5. Srª. Gastronoma... Pois é, devaneios e mais devaneios. Acho que minha mente está assim devido aos loucos anos 60...
    Meditação, pois é.. não consigo me ater aos conceitos, mas concordo plenamente com o que dizes, pois para relaxar, com certeza o coração tem que estar em boa sintonia, ou seja, com compaixão!!! Assim é para tudo o que fazemos, como por exemplo, cozinhar... Sei que transmitimos o carinho, amor e outras
    "cousas" quando cozinhamos... Tanto que às vezes a "bóia" sai de primeira, outras, de última... Transferimos o que sentimos a tudo o que nos rodeia. Ao nosso dia, ao que vivemos, fazemos...
    Yeah, chega!!!
    Bjão procê...

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  6. Graaaande Melhor amigo e quase-irmão Aldo!!!
    Pois é, os cafezes da praça são, sinceramente, os melhores daqui. Isso porque combinam ambiente, ótimo atendimento e, claro, um "senhor" café... Além do preço ser convidativo!!!
    Agora, se chegares aqui no calor, bem, sugiro umas "ceulvejas".. que tal?
    Abração pra ti Brother.. e, juízo!!!!

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  7. Cara desse jeito tenho que ir surfar, da forma que falou como é o surf preciso aprender imediatamente!! grande abraço!!!

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  8. Ok Joe... Então, Sr. Ramon Tattoo, comece agora no festival da Tainha, na Ilha. Brasília tem ondas!!! Abrax, amigo...

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  9. Gostei do teu texto, muita verdade nas coisas que deixamos despercebidas... Gosto da Banda I Am Giant, conheces outras do mesmo estilo?

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Leu? então diz algo...