Sim... cá estou eu. Sem promessas de constância literária, apenas peço suas leituras sobre minhas reflexões a seguir. será algo breve. E peço comentários, se possível. Ah, feliz natal e ano novo e bla-bla-bla... Boa leitura!!!
FIM
Nada! Não somos nada diante da imensidão do cosmo,
da galáxia, do universo, do todo. Pois tamanha grandeza – infinita? – nos é tão
distante que sequer conseguimos concebê-la. Não nos cabe no ver, no sentir, no
admitir. Como a pequena formiga que, vagando pelo aeroporto, sequer cogita a
existência dos aviões. Como o pequeno caracol que sem querer, dia desses pisei,
esmagando-o em meu jardim. O pobre sequer soube o que o matou.
O universo se move: expansão e contração... mas
tão ínfimos, tão pequenos em tamanho, não nos damos conta disso. Planetas,
estrelas, poeira cósmica, tudo se movendo, mudando sua forma e composição a
cada instante. E nós aqui, impávidos, preocupados com questões sem importância
diante desse todo. Vivendo como se nada mais existisse além de nós mesmos.
Sentimo-nos tão importantes devido a nossa
cegueira. Não nos damos conta que, se olharmos para o macro, não somos nada
além de minúsculas partículas que compõem o universo. Se olharmos para o micro,
somos apenas um conjunto de partes infinitamente pequenas que, para nosso
conforto, denominamos matéria. Então simplesmente não pensamos nisso e seguimos
em frente. Em frente?
Olhamos apenas para nossos umbigos – assim sim
somos algo! Somos então o topo da cadeia evolutiva. Os mais inteligentes. Os
que melhor se adaptaram ao planeta. E nos deleitamos com nosso poder. Modelamos
então o mundo a nosso “bel prazer”. Destruímos o equilíbrio em nome dos nossos
desejos. A água, a comida, o ar e as demais espécies – inclusive nossos
semelhantes – são sacrificados em nome do nosso conforto. Pois na busca do bem
viver minamos os solos, os lençóis freáticos, a atmosfera e os outros seres
vivos que não nos são úteis.
Queremos mais e mais. E mais ainda! Queremos
cidades mais práticas, lares mais confortáveis, comida entregue em nossas
casas, prazeres em “touch screen”, amores em alta definição, o mundo inteiro em
banda larga. E não nos importamos que isso custe a degradação dos
relacionamentos, das relações pessoais, da família, dos nossos irmãos ou do amor.
Afinal, tudo o que queremos é para nós mesmos.
Deus não mais existe – nós o matamos há muito
tempo. Tínhamos vários deuses: o do fogo, o da chuva, o dos raios, o da
colheita, o do sexo... logo os reduzimos a uma tríade. Depois a um só. Para em
seguida deturparmos suas palavras em regras falsificadas escritas por nós
mesmos num livro comum, apregoado de sagrado. Sagradas escrituras que usamos
para dizimar outros de nós. Que hoje são vendidas como regras em forma de
hóstias, imagens, dízimos e homens-bomba. Santas escrituras que usamos para
justificar genocídios, atrocidades e guerras por uma “terra santa” que
supostamente fora o berço do homem que espalhou tais palavras. O filho de Deus.
Mas ele não havia dito que éramos todos Seus filhos?
O Homo
Sapiens está sendo extinto. Mea Culpa. Seus únicos representantes vivos –
ditos primitivos – estão sendo dizimados, seja por nossa cultura, por nossas
doenças ou simplesmente pelo nosso progresso. Interferimos em suas vidas. Não,
eles não podem ser felizes como são (como fomos um dia), vivendo com tão pouco,
em equilíbrio, sem nossos traumas e frustrações! Não podem simplesmente sorrir
sem desejar o que temos. Não podem ser livres sem as amarras e prisões que
tanto nos definem. Então mudamos suas crenças, suas leis, suas terras, demarcando-lhes
o espaço necessário para sua sobrevivência. Confinando-os em presídios morais. Evoluam
ou não sobreviverão!
Agora, Homo
Tecnologicus, não precisamos mais da natureza. Moldamos o mundo à nossa
imagem e semelhança. Prevemos o clima artificialmente. Nossa química substituiu os verdadeiros remédios e quase todo o nosso alimento. Voamos sem asas. Mergulhamos
sem guelras ou nadadeiras. Sobrevivemos às intempéries do clima sem
necessitarmos de adaptação biológica. Alternamos as regras do equilíbrio populacional:
seres e povos não morrem mais pela seleção natural, mas sim pela variação da
bolsa de valores. Relacionamo-nos eletromagneticamente. Nossas comunicações encurtaram
as distancias – elas desapareceram! Somos fortes. Somos gigantes! Seres vitoriosos
e dominantes, deuses absolutos da existência!
Até alcançarmos o ápice da nossa evolução: Homo Merdificus. Para então, finalmente,
nos darmos conta de nossos atos. E como resultado de nossa incessante busca
pelo poder, em vez de aplacarmos o imenso vazio que trazemos conosco, teremos
que encará-lo. Solitários, num planeta sem mais vida. Nostálgicos,
arrependidos e chorosos. E de nada adiantarão nossas lagrimas, pois não haverá ninguém
mais para enxuga-las. A solidão do poder nos fará, finalmente, reis. Reis de
uma terra estéril e árida, sentados em um trono de pedra, reinando absolutos na
imensidão de um mundo desértico. Tendo apenas fósseis como súditos. Soberanos de
um mundo transformado em nossa própria sepultura. E será um breve reinado, pois
este será o nosso fim.