Acontece...
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Então, por algum motivo, você foi demitido. E agora? Como você se sente? Se você não esperava por isso, então deve estar meio tonto. Surpreso, uma surpresa das ruins. Como acordar cm uma bofetada. Você dormia tranquilamente (não no seu trabalho, claro!) e de repente acordou com a dor e o som do tapa ecoando em sua bochecha!
Sua primeira reação é raiva! Uma raiva interior que surge após o baque. palavrões e outras reações insistem em aflorar, mas você as contém. A sala do "recursos-humanos" não é o lugar ideal para essa explosão. Logo após a raiva você sente as lágrimas querendo brotar no seu rosto, mas você as inibe. Chorar aqui, nesse exato momento, não seria nada agradável. Não na frente dos outros. E se você gostar do seu emprego talvez até sinta vontade de pedir outra chance, jurar por Deus (sem fazer figa) que irá mudar, adaptar-se, enfim, vai agir da maneira que você não agiu. Vai agradar! Decisão pessoal: não me parece nada bom este tipo de atitude para sua auto-estima. Além do mais, você sabe que não voltarão atrás sobre sua situação. Você já não serve mais para o cargo. Pronto!
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Antes você fazia parte das estatísticas positivas do governo. Carteira assinada. Quando no Jornal Nacional a Fátima Bernardes falava sobre você, com um sorriso no canto da boca e com aquela voz vibrante, você se orgulhava. Pois você era a prova viva de que o Brasil cresceu, que o país estava melhorando!
Agora você engrossa o caldo das estatísticas que a oposição mais enaltece: a dos desempregados. Dos que sacarão o FGTS, que receberão o seguro-desemprego. E quando o William Bonner for falar sobre você, ele assumirá um ar sério, funesto até, e anunciará os números em tom de tragédia, como que compactuando com a sua situação. Você se deprime. Pois você é a prova viva de que somos realmente um país de terceiro mundo.
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Os motivos de uma demissão podem ser muitos. Mesmo sendo sem justa causa, há sim uma causa. E, para a empresa, sempre justa! Excluindo-se o fator contenção de despesas (e similares) ou inaptidão para o cargo, se você foi demitido, provavelmente deve ter desrespeitado algumas regras. Regras básicas do “Bom Empregado”. Não falo das regras específicas de cada empresa, como horários, sigilo de informações ou de atitudes em geral. Cito as regras para uma boa convivência com os demais. Onde esses “demais” leiam-se chefes e colegas de sala mais antigos – que geralmente têm certeza da superioridade deles em relação a você. Normalmente estas regras são "não-oficiais", e se aplicam a um pequeno núcleo, chefiado por alguém cujo ego é tão inflado que, além de desconhecer o significado da expressão “autocrítica”, acredita piamente que sua decisão prevalece sobre tudo, inclusive sobre as decisões e necessidades de todo o grupo. Para este tipo de chefe, seu núcleo vale mais que a própria empresa. E não importa o quanto você seja um bom funcionário aos olhos dos sócios ou donos da empresa – a cada violação dessas regras, sua “pontuação” irá diminuindo dentro do seu núcleo, e seu chefe direto vai anotando-as, juntando-as, até um dia, arremessá-las contra você. Então, este irá comunicar ao grupo que você já não serve mais, mesmo que você saiba que sim ainda serve. E nunca saberá direito o que foi dito de você...
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Citarei agora algumas destas regras básicas e as possíveis implicações de seu desrespeito. Recomendo que você, antes de lê-las, relaxe bastante, esvazie sua cabeça de quaisquer outras idéias, e analise calmamente os tópicos a seguir.
1. VOCÊ ERROU DEMAIS. Claro, você erra. Errar é humano. Mas, para seu chefe, você não é mais humano – é empregado. E empregados não podem errar tanto quanto humanos. Talvez você não seja demitido por isso, mas pode ter certeza que, se for demitido, estas advertências serão usadas posteriormente contra você. E não importa se não te explicaram bem o serviço. Se eles sabem o que estão fazendo, esta é sua obrigação também. Mesmo quando não passam o serviço a ser feito para você, afine os ouvidos e escute tudo o que dissererm. Se você não entender, não pergunte - perguntar atrapalha. Para trabalhar em determinados locais, com certas pessoas, mais do que ter “bolas”, elas têm que ser de cristal! Adivinhe mais. Assim você errará menos...
2. VOCÊ RIU DE MENOS. Algumas coisas foram ditas na sua sala, na sua presença, e você não participou. Não achou as “tiradas-geniais” dos seus superiores ou dos mais antigos, engraçadas. E aí você não conseguiu rir. Também não participou da "crucificação alheia" promovida por estes bem ali, debaixo das suas barbas, por não lhe parecer justo falar mal de alguém quando este não está presente. Além do mais você deve ter-se aliado a pessoas que não caíam bem ao seu “núcleo”. Também não deve ter achado graça nas piadas ofensivas às minorias, quando todos riam de nordestinos ou pobres... Errou, meu amigo. Errou... Neste exato momento todos eles devem estar rindo de você na sua ex-sala.
3. VOCÊ SAIU DEMAIS DA SALA. Você fuma? Gosta de tomar um café regado a um papinho rápido lá fora? Mesmo que os outros tenham esse costume, se esses outros tiverem mais tempo de empresa que você, não se baseie neles. Você, por estar aqui há menos tempo que eles, não tem os mesmos direitos. Direitos de tempo livre, de socialização extra-sala vêm com o tempo de “casa”. E mesmo que não haja nenhuma tarefa a ser feita, fique na sua sala. Além do mais, e se o telefone tocar, quem vai estar ali para atender? É... Você deveria ter ficado “grudado” na cadeira, ter parado de fumar...
4. VOCÊ NAO INTERAGIU. Não trouxe o “bolo-prometido”, desonrando assim uma tradição milenar imposta aos recém-chegados. Também não deve ter participado a todos sobre o seu aniversário, e novamente, nada de bolo... Já são dois pecados gastronômicos! Também não deve ter ido à festinha de final de ano da empresa. Isso foi grave! O nome “individual” no convite significava “obrigatório”, e você não quis ir porque não costuma sair sem sua querida esposa. Errou! Sua querida agora deveria ser a empresa! Estas faltas graves ficarão ali, gravadas, e pesarão contra você no dia do Juízo Final...
5. VOCÊ NÃO TEVE BONS RELACIONAMENTOS. Aposto que você conversava com as copeiras, porteiros, recepcionistas, office-boy, auxiliares... E todos estes gostavam de você, te achavam um “cara-legal”, daquelas pessoas que não se sentem superiores por causa de um cargo, de um contracheque. Se você é assim, aposto que nunca fez o tipo que se pendurava nos “bagos” dos seus superiores. Que não ria com as piadas insossas destes. Não fazia questão de almoçar com a “chefia”, ou de participar de assuntos pessoais destes com os demais “súditos” – colegas de sala. Você poderia fazer como eles – concordar com as idéias do chefe, usando todos os “Sins” e “Oohhs!!”, variando levemente sua entonação. É, decididamente, você não sabe se relacionar. Talvez você seja simples demais...
6. VOCÊ FALTOU DEMAIS. Se você trabalha numa dessas empresas que em vez de pagar hora-extra ou adotar o sistema de banco de horas, prefere a política do “depois a gente se ajeita”, cuidado! O termo “a gente” nunca inclui você, e esse “se ajeita” nunca será a seu favor. Mesmo que você tenha trabalhado muitos dias além do seu horário, ou até em algum feriado, a conta nunca vai fechar a seu favor. Trabalhos demais com prazos de menos fizeram você almoçar iogurte com pão de queijo em cima do teclado? Não importa, era obrigação sua! Nunca tente somar as horas e os dias a mais, achando que poderá reavê-los. As horas e os dias a seu favor dependerão do humor e da boa vontade do seu chefe. E não importa se os demais faltaram vários dias seguidos, pois suas assinaturas estarão lá, registradas na folha-de-ponto. E sem nenhum desconto em seu salário, ao contrário de você. Lembre-se: seu tempo de trabalho depende única e exclusivamente do seu chefe. Então você pode até achar que tem direitos ou motivos de faltar. Sim, você pode achar isso... Só achar. E, de preferência, em silêncio! Viu? Quem mandou você ser honesto? Poderia muito bem ter conseguido “aquele” atestado médico...
7. VOCÊ NÃO ENTENDEU NADA. Acho as mulheres em geral a melhor “invenção” do planeta. São simplesmente fascinantes – principalmente a minha! Mas se o seu chefe for uma mulher, então você tem que ser muito perspicaz, observador, adivinho e muito, muito sortudo. Tem que saber lidar com as situações. Lidar com o dia-a-dia. Quando ela chegar na sala com a “cara-amarrada” no estilo “mulher-elefante” (com aquela tromba arrastando no chão), o que fazer? Se você tentar conversar, terá apenas ruídos incompreensíveis como respostas. Finja que entendeu... Concorde! Se optar pelo isolamento, ficar quieto para não incomodá-la, vai parecer que a está ignorando, e isso vai ofendê-la mais ainda. Aliás, sua simples presença incomoda. Seu silêncio incomoda! E se você faltar, sua ausência idem! O que fazer então? Talvez tornar-se o mais servil dos seres, agindo como a sua colega de sala, que mais antiga que você, sabe bem como agir nesses dias. Observe como ela age, assimile seus olhares, trejeitos, tons de voz; certifique-se de assumir sua postura submissa, decore até as palavras e interjeições usadas por ela e... Torne-se mulher também! Eu não consegui – na verdade, nem tentei. Talvez por isso tenha sido demitido...
8. FEELING. E quando você sentir que o clima pesou, que você está próximo de ser decapitado, que a foice se aproxima, não, não tente ter uma conversa franca com a sua “chefa”. Não peça para mudar de setor, não fale da impossibilidade de uma boa convivência com ela, e nem se ofereça para treinar seu possível sucessor. Ah, e principalmente, nuca aponte os erros dela - isso vai deixá-la tão furiosa que sua demissão será iminente. Mesmo sendo um profissional difícil de ser encontrado no mercado, mesmo havendo vaga em outros setores da empresa que não digam respeito a ela, ela é sua "chefa", e encontrará uma maneira de tirá-lo do grupo! Pois ela é a detentora da verdade, e o que ela disser de você será a verdade para todos os demais... Você já era!
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Bom, então é isto! Você não serve mais para sua "chefa". Pode até servir para e empresa, mas não para ela. Você vai se sentir um lixo, um inútil, um ser incapacitado que não tem mais condições de gerar lucro para o grupo. Um “Ogro” anti-social que não soube conviver na instituição uma peça defeituosa na engrenagem. Mas, a opção de como vai se sentir é somente sua.
Você perdeu o emprego. Isso é muito ruim. Mas, se o motivo se encaixar nos itens listados anteriormente, então melhor você encarar os fatos de outra maneira: Você foi demitido, mas foi a empresa quem perdeu você! Isso mesmo: a empresa perdeu você!
... não lembro de que site peguei... |
Afinal, se você sabe que fazia um bom trabalho, sabe que cumpriu bem o seu papel, se até sentia empatia com os sócios da empresa (os donos!), admirava a forma com que o grupo atuava no mercado, gostava da maneira como tudo funcionava ali dentro, e mesmo assim foi expulso por pessoas de esferas menores (micro-chefes), então, regozije-se!!! Foi melhor assim. Continue sendo você mesmo, pois isso é sinal de que você é uma pessoa autêntica, genuína, diferente dos “seres-juncos” – pessoas que, como as plantas homônimas, curvam-se ao sabor dos ventos assim, sem nenhum caráter ou posição própria, indo para onde quer que se lhes ordene.
Continue sendo o que você é, pois a tendência é você encontrar um lugar melhor para trabalhar. Um lugar que seja compatível com você. É natural. E não falo isso por questões de “justiça divina” ou coisas do gênero. Penso no principio do “plantar-e-colher”. Se você sabe que está plantando boas sementes, em breve terá sua boa plantação. Não desanime, pois este lugar onde você trabalhou ainda não era a “sua” colheita. Não com as pessoas com quem você convivia. A sua está por vir, tenha certeza disso...