...por anos era assim que eu acordava: 04 da manhã, lá estava "ieu" vivendo na minha velha e boa Ponta Negra (Natal/RN)!!

segunda-feira, 28 de março de 2011

LIBERDADE

LIBERDADE
17/03/2011 – 24/03-2011
Deliberadamente, fiquei um tempo sem postar nada aqui, pois queria que os “fãs-seguidores-leitores-curiosos” tivessem tempo para lerem e absorverem meu último escrito (Demissão Tchau...!!!).
do blog cafepsyco.blogspot.com
                Começo a sentir que um blog assemelha-se a um filho, no tocante à atenção: não dá para ficar muito tempo longe. Assim, o ranço que eu tinha com, os blogs estilo “Querido Diário: Hoje comi ovos fritos no café da manhã...” foi substituído pela compreensão e, por que não dizer, aceitação desse tipo de atitude.
                Ultimamente tenho trabalhado as idéias. Por, supostamente, ter mais tempo livre nesses últimos dias (motivo: ver postagem anterior), ando exercitando o cérebro na alternância entre as mais diversas leituras e reescrever contos antigos. Isso requer paciência e disciplina, virtudes que não domino com tanta destreza. Mesmo assim, sigo nesta batalha.
                 O problema é que tais atividades tomam muito tempo e acabam sendo responsáveis pelo aparecimento de teias de aranha nos cantos do blog. Mas, por favor, não confundam isso com descaso, pois não desisti dos meus objetivos literários. E, podem acreditar: mesmo sem postar nada, sempre que estou na Internet, apareço por aqui para “chamegar” esse meu mais novo filho. Além disso, adivinhe sabe qual minha página inicial no Explorer? Kikomainieri.blogspot.com.  Bem, cá estou de novo. Decidi hoje escrever sobre liberdade.
               

do blog gabrielzanin.blogspot.com

                Liberdade: palavra que, embora fácil de ser compreendida, pode ser aplicada a inúmeras situações, de acordo com o ponto de vista de quem a emprega. O presidiário, quando finalmente fora da prisão, tem seu conceito bem definido. Uma recém separada, que já não agüentava mais viver aquele relacionamento. O ex-empregado, finalmente livre daquela tortura diária. Um ex-fumante, agora um ser saudável e cheiroso. A ex-bancária que, livre do sistema metódico e estressante da instituição, decidiu viajar pelo mundo. Um feliz proprietário do seu primeiro veículo, livre das horas aborrecidas perdidas entre muitos ônibus todos os dias, enfim, a liberdade de cada um depende da situação em que este se encontre. Depende das prisões de cada um.
                Prisões. Todos nós, voluntária ou involuntariamente, ao longo da vida criamos nossas prisões. Sejam estas físicas ou psicológicas, atamo-nos a nossos grilhões e assim passamos a viver, como se nos fosse impossível viver sem estes. Percorremos nosso caminho com dificuldade, incomodados e desconfortáveis com as correntes que nós mesmos prendemos em nossos membros, ansiando por liberdade. Como se fosse necessária a presença de grades obstruindo nossas portas e janelas para percebermos a beleza dos jardins lá fora, onde não podemos pôr os pés. E, seja esta prisão um conjunto de tabus ou conceitos dos quais não conseguimos nos libertar; seja ela uma relação doentia daquelas que não conseguimos nos desvencilhar, ou então um vício qualquer, a luta pela libertação sempre será uma batalha contra nós mesmos.
do site colunistas.ig.com.br
                Então, liberdade é um conceito único, algo muito pessoal. Enquanto vivemos, criamos e destruímos infinitas prisões. Arrisco-me a afirmar que tal comportamento nos é totalmente idiossincrático. Prendemo-nos a idéias, ideais, atitudes, gostos, conceitos, medos e nos moldamos de acordo com os nossos cárceres pessoais. E levamos nossas vidas assim, pensando e agindo em função destes, até que um fator –geralmente externo- desencadeia em nós um certo desconforto, uma insatisfação. É quando começamos a perceber algo errado. Alguns pensamentos e atitudes que antes não faziam parte do nosso jeito de ser, começam a surgir assim, quase que espontaneamente. Inicia-se então o processo de libertação, geralmente doloroso, demorado e conflitante, mas que sempre, sempre resultará em algo positivo. E, mesmo que libertando-nos, estejamos criando novas prisões, ligadas a novos conceitos, a sensação de libertar-se é algo indescritível.
                Do que falo? Tente lembrar-se: Como você se sentiu ao livrar-se daquela relação que te fazia mal? Ao mudar sua área de atuação? Ao perceber alguma virtude sua que você nem sabia ter? Ao sentir-se capaz de realizar algo? Ao se apaixonar... Enfim, já sentiu a sensação de liberdade muitas vezes, muitas delas sem perceber que, naquele momento, você se libertava de algo!
do blog omeumar.nireblog.com
                E para você, o que é liberdade? O que o prende, o incomoda, o angustia? Do que você precisa se libertar? Com certeza, se fizer uma retrospectiva de tudo o que viveu até agora, verá que em cada fase da sua vida suas prisões foram bem “diversificadas” ao longo de sua existência. As prisões dos adultos, por exemplo, geralmente são bem diferentes das prisões da adolescência – isso para os que são adultos de verdade, excluindo-se aqui os “Peter Pans”. As prisões da infância quase sempre nos são risíveis quando nos passamos desta fase. Prisões da velhice estão, em grande parte, associadas às limitações físicas, pois nesta idade, ou já temos sabedoria suficiente para discernir o mundo ao nosso redor, ou então é o Alzheimer mesmo que nos liberta.
                Esta é uma análise interessante. Se voltarmos no tempo para um exame detalhado sobre nossas prisões e liberdades, certamente será mais fácil analisarmos tais questões no presente. Em que fase da vida você estava, quais eram seus sonhos e limitações naquele momento. Se realmente você se libertou, ou vive com tal prisão até hoje. Como lidou com aquela situação. O que aconteceu com tudo aquilo.
do site valeumclick.com
                Quando pequenos, não definimos a palavra liberdade. Simplesmente, somos tão livres que choramos, sorrimos, “cocozamos”, “xixizamos” quando nos dá vontade. Somos plenamente livres, até que nos limitam pelas fraldas – talvez esta seja nossa primeira prisão!
do blog margohwerneck.blogspot.com
                Depois vêm os “nãos”, as proibições: não se pode mais cutucar o nariz durante o almoço, não podemos ver desenho o dia inteiro, não podemos ficar sem tomar banho nem jogar pedras nos carros que passam pela rua. As obrigações também nos prendem: creche, escola, comer com talheres – e de boca fechada, ter que mentir quando ganhamos um presente horrível de alguém: as regras, tão necessárias para o “bom convívio”, são imposições a direcionar-nos, a limitar-nos. Claro, elas podem muito bem ser encaradas como prisões, dependendo de como nossos pais as aplicaram, ou impuseram. E de como eles nos ensinaram, direta ou indiretamente, a lidarmos com limites.
                Olhando o que passou, agora, remetendo-me a um tempo longínquo – numa época em que eu tinha bastante cabelos – e concluo que minhas primeiras prisões de verdade foram criadas no começo da adolescência, talvez um pouco antes. Por volta dos onze ou doze anos, numa fase em que a relação amor-ódio com meus pais começou a se intensificar. Amor: ouvia, admirava e idolatrava meus pais por eles serem semi-deuses, verdadeiros heróis para mim. Ódio: desobedecia, sentia vergonha e raiva deles quando começavam a dar sinais de que eram meros mortais, pessoas comuns de carne e osso, como todo o mundo. Preso ao conceito de que pais deveriam ser perfeitos, não conseguia assimilar seus medos, hesitações e limitações. Minha cegueira não me deixava perceber suas falhas, suas atitudes, enfim, sua normalidade.
do site imagem77.com
                Adolescência: tantos estudiosos definem e redefinem esta fase da vida. Muitas pessoas que “sobrevivem” a esta época sentem-se mal em apenas lembrar que um dia foram adolescentes. Eu, particularmente, o faço com prazer. Era uma situação engraçada aquela: oscilava continua e confusamente entre ser um homem e um menino – Às vezes, ambos ao mesmo tempo. Às vezes, homem, sentia que precisava sair para beber, dirigir, fumar, transar. Outras, ficava deitado sozinho, escondido no quarto, brincando de carrinho ou jogando futebol com as peças do jogo de xadrez, cuja bola podia ser um botão ou uma bolinha de papel amassado. Assim, quando “estava” criança, eu amenizava a prisão de não poder ser adulto e me libertava. Mas era uma liberdade temporária, um indulto, já que a agonia de estar crescendo e os desejos de adulto sempre voltavam. E, cada vez, com força maior. Talvez esta fosse uma questão hormonal até.
do site negociosdojapao.com.br
                O que você vai ser quando crescer? Nesta fase, tal questão era tão fácil de ser respondida que não chegava a ser uma prisão. Eu tinha a liberdade de escolher qualquer coisa: Astronauta, Policial, Bombeiro, Ladrão, Agente Secreto, Mafioso, Super-Herói; o mundo era meu! Minha prisão, aqui, era que eu só podia escolher uma das opções. Então, livre, eu escolhia uma... Uma de cada vez. E eu seria tudo isso quando crescesse.
do blog clavatown.blogspot.com
                Quando os tais hormônios trouxeram-me o sexo, criou-se em mim uma prisão que demoraria muito tempo para ser resolvida. Primeiro, vieram as muitas horas no banheiro, com revistas “contrabandeadas” e imagens captadas furtivamente pelas ruas e casas vizinhas (as fotografias mentais, gravadas para aqueles momentos tão especiais). A vontade da primeira vez era algo incontrolável. Parecia que nunca chegaria o meu momento. Era como nos sonhos, quando corremos por um caminho e, quanto mais avançamos, mais distante fica o final.
               
Com tanta rebeldia, encarava todas as limitações que me eram impostas como prisões. Tinha raiva do mundo por este não ser como eu queria. De não crescer logo, virar logo adulto e ira viver minha vida, viajando pelo mundo sozinho, mochila e prancha debaixo do braço.  Aqui, eu ainda tinha uma gama de opções quanto ao meu futuro de “gente grande”. Mesmo já sabendo que não existiam Super Heróis de verdade, eu ainda tinha muitas possibilidades pela frente. Já entendia sobre algumas profissões e também me prendia às limitações de algumas delas, que me pareciam impossíveis de serem seguidas.
do site blogdotony.com.br
                Assim, muda a idade, mudam os conceitos. Ainda nessa fase, liberdade era poder dirigir o carro que meu pai – sabiamente, vejo só agora – nunca me emprestava, pois ele bem sabia quais eram os outros “ingredientes” que eu misturava na minha liberdade: encher a cara até o limite do vômito, fumar marijuana, surfar o dia inteiro, tatuar-me, chegar em casa na manhã do outro dia.  Naquela época, liberdade era também ter uma namorada para transarmos todos os dias e mesmo assim poder reclamar na cama de outras meninas o quanto ela me prendia. Liberdade era poder sonhar com a independência financeira para poder continuar fazendo todas aquelas loucuras e desejar mais ainda da vida. Mesmo com algumas prisões, eu era como um absorvente íntimo: Sempre Livre!
do blog blogllucas.blogspot.com
                Quanto às profissões, bem, eu era livre para simplesmente não pensar nisso. Livre para acreditar que o futuro se encarregaria de tudo. O vestibular se aproximava, o leque de opções afunilava a cada dia, mas nada disso me preocupava. Eu me sentia imortal, invencível. Sabia que, qualquer que fosse minha escolha, de fome eu não morreria.
                Fase seguinte: adulto. Ou quase. Diria: um jovem adulto. Acabei escolhendo um curso que até hoje não sei o porquê. Mais tarde, um teste vocacional acusou: eu tinha 99% de vocação para ser Engenheiro Mecânico e 1% de interesse em sê-lo realmente. Senhor Contraste Ambulante! Mesmo não gostando, minha prisão me fez continuar por este caminho. Prendi-me aos bares da Universidade, às festinhas, às mulheres, às inúmeras faltas e reprovações – todas por uma causa nobre: surfar! O problema disso tudo é que eu não percebi que o tempo não para. E olha que não foi por falta de aviso.

do site sorrisomail.com
                 Nesta fase minha liberdade era exercida da maneira mais prática possível: saídas noturnas, experiências novas, cursos interessantes, viagens em busca de ondas perfeitas, algumas vezes dormindo ao relento, dentro da capa da prancha, ao som das ondas explodindo nas pedras a alguns metros de mim.
                Mesmo casado – minha mais nova prisão - eu não abria mão das muitas mulheres que cruzavam meu caminho. Culpa da velha prisão sexual. Certo ou errado? Apenas fato! E ela foi agüentando-me assim, marido inconstante, durante alguns anos e dois filhos. Conseqüência dos meus atos: deixar de ser um pai de verdade, um pai integral, e tornar-me um pai de finais de semana alternados. Isso doeu tanto que logo me casei de novo. Eu era livre para fazê-lo. Como também era livre para usar uma aliança, trabalhar, seguir “patinando” na Universidade e, após um novo vestibular, continuar me enganando.
                Fui livre para ir morar no exterior com minha família (nova esposa e novo filho), vender sanduíche natural, cabeludo,  num campo de baseball, ser gerente de uma loja de roupas, voltar para o Brasil, recolocar-me no mercado de trabalho, comprar carro, apartamento, fazer prestações.
                Mesmo assim, minha prisão sexual continuava. Eu seguia escravo das muitas mulheres que surgiam, da sedução, da conquista, da sensação de poder estar com muitas delas, muitas vezes. Tudo muito discreto. Bem, nem tão discreto assim. Eu enganava, mentia e me sentia livre para não praticar nenhum auto julgamento. Livre para enganar a mim mesmo de que eu estava sendo um bom marido, um bom companheiro, um amigo.
do blog blogdaaninha.arteblog.com.br
                Mesmo trabalhando muito, sentia-me livre para sonhar com novos empregos, com um novo futuro. E, melhor ainda, seguia livre para surfar. Todos os dias, por muitos anos, o nascer do sol me surpreendia já dentro d’água, sozinho, escuro ainda, surfando. Assim, diariamente eu chegava ao trabalho com um sorriso “abobalhado”, uma satisfação no olhar que perdurava, inclusive nas segundas-feiras. Meus colegas não entendiam, mas sentiam minha vibração, minha alegria.
                De tão feliz que eu andava, não sentia a gravidade de alguns dos meus atos. Talvez preso ao “êxtase-surfístico” não percebia que alguns acontecimentos ao meu redor exigiam atenção. Minhas duas famílias – Esposa e Filhos & Pai e Mãe – tinham sido relevados a segundo plano. Tinha brigas constantes com meus pais e prendia-me no ato de culpá-los. Para mim, eles tinham errado tanto comigo que agora eu era um produto dos seus atos. “Culpa deles”, pensava eu confortavelmente preso a essa idéia absurda. E continuava a ser o Senhor Revoltado Injustiçado. No casamento, minhas prisões eram minhas mentiras. Mentia tanto que acabava acreditando nas minhas histórias. Tudo estava bem, e eu era o marido ideal. O pai ideal. É... Prisões geralmente nos cegam.
do site recantodacronica.blogspot.com
                Após treze anos assim, um dia veio a conseqüência da minha liberdade pessoal: o divórcio. Mesmo com a dor de ver todos aqueles anos em que eu fora livre para viver com ela, num mundo só nosso, desaparecer, juntamente com meu filho, meus planos, meus bens e sonhos, veio-me uma nova liberdade, algo que eu nem sabia que ansiava: a liberdade da solidão!
                Nessa situação, os primeiros dias de liberdade são, na verdade, de libertinagem. Nossa: eu não sabia mais de quanta coisa eu era capaz! Sentia-me rejuvenescer a cada dia, mesmo acordando quase sempre cansado e de ressaca. Sentia-me bem. Vivia amplos relacionamentos, nenhum deles oficial. Pude ser sincero em meus desejos, ser livre para dizer a verdade – afinal, eu não precisava mais inventar desculpas para ninguém.
                A cada dia minha liberdade se ampliava. Eu podia deixar a prancha salgada e suja de areia em cima da cama, totalmente desarrumada, sem restrição alguma. E ao voltar para casa lá estava ela, do mesmo jeito que a deixara, juntamente com a bermuda, agora seca e dura, jogada no chão do quarto. As louças tinham seu lugar cativo na pia da cozinha, cuja torneira só funcionava a cada dois ou três dias, de acordo com a demanda do meu metabolismo. Quando nada mais estava disponível para o uso era hora de abrir uma(s) cerveja(s), pôr para tocar o velho e bom Rock’n Roll e encarar o desafio.
do site iplay.com.br
                Tinha a liberdade de poder escrever meu nome e desenhar com o dedo na poeira que se acumulava pelos cantos do meu “cafôfo”. Podia trazer meus filhos para ficarmos uns dias juntos e fazermos bagunças inconcebíveis para suas mães, sem censura nenhuma. Ali, no meu “castelo”, eu podia fumar o que quisesse, em qualquer um dos poucos cômodos que dispunha. Assistir televisão sem volume, ouvindo mais Rock’n Roll, sentado no “trono”. Sim, fazer cocô de porta aberta!!!
                Eu trazia quem eu quisesse, a qualquer hora, para fazer o que me desse na telha, pois ali era o meu espaço, minha liberdade! Muitas vezes passava o dia inteiro num final de semana surfando. Chegava em casa “morto” e, para aumentar minha satisfação, comprava algumas “Smirnoff Ices” e cervejas, e me dedicava à limpeza doméstica. Pelado, rodo, pano de chão e vassoura nas mãos, em danças loucas pela casa que, ao final, ficava irreconhecivelmente limpa. Engraçado: nunca me preocupei com o que os vizinhos ou minha “Senhoria” pensavam de mim...
do blog nudistasemcasa.blogspot.com
Então minha liberdade começou a tomar contornos interessantes. De tão feliz que me sentia, comecei a libertar-me dos meus fantasmas. Fui, sem saber, redescobrindo-me. Antigos grilhões aos quais eu me acorrentara, começaram a ceder. Culpas antigas iam esvaindo-se assim, como num passe de mágica.
do blog ilciluiza.blogspot.com
Tamanha era a leveza que me invadia, que passei a gostar do que via no espelho. Um sorriso cativante. Um brilho no olhar. Uma positividade absurdamente contagiante, tudo isso agora fazia parte de mim. Solidão, para mim, era definida como prêmio, não castigo. Gostava do que eu pensava quando estava sozinho, deitado na cama. Pelado, de novo...
do site imagensporfavor.com
Minha liberdade transformou-se em meu reencontro, e assim fui quebrando minhas próprias barreiras, meus tabus; fui conhecendo e vencendo meus medos, superando alguns limites. E pude, finalmente, olhar para trás e reconhecer meus erros sem dor ou culpa. Sem encará-los como erros propriamente ditos, mas como atitudes e decisões que tomei ao longo da vida e que resultaram em conseqüências nem sempre favoráveis. Olhar meus atos passados sem julgar-me, mas com sabedoria, de maneira imparcial. Analisa-los.

 Logo, as pessoas ao meu redor ganharam novos contornos. “Em verdade vos digo: Tudo o que vedes e sentes nos demais, não passa de um reflexo de como sois e do que sentes...”. Como eu já tinha a liberdade de perdoar-me, percebi que era perda de tempo acreditar que o mundo me devia desculpas. Desculpei-me com quem achei que devia fazê-lo. Em relação aos meus pais, reconheço que tive a sorte de libertar-me das muitas prisões que criei com eles, e que tanto me afastou deles.  Tive tempo hábil para isso, e assim o fiz, entre gestos e palavras. Hoje sinto que, novamente, os tenho como amigos. Como os Pais que eles sempre foram para mim.
do blog barbukowskieeu.blogspot.com


E foi assim que me apaixonei por mim mesmo. Sem narcisismos, mas com um amor verdadeiro. E as coisas foram se tornando muito mais interessantes. Eu finalmente tina a liberdade de poder amar de verdade. Amor, livre dos antigos conceitos que tinha sobre relacionamentos, fidelidade, sinceridade. E então, de uma forma totalmente inesperada, surgiu um novo amor na minha vida.
ieu de bigode... uma forma de conter o assédio sexual!!!
Esse amor, de tão forte, mudou completamente a minha vida, em todos os seus aspectos. Nova cidade, novos trabalhos, novos desafios, novas prioridades. E ganhei a liberdade de poder recomeçar minha vida ao lado de quem escolhi. Assim, do zero! Zero culpas, zero remorsos, zero mentiras...
Alguns anos após os quarenta. Se você ainda vive com quem você ama, por vontade própria, então você tem sorte. Se é assim, seu conceito de liberdade tornou-se bem amplo! Vivendo ao lado dela há quase cinco anos, hoje tenho a liberdade de poder vê-la todos os dias. Poder beijá-la, amá-la, abraça-la. Sou livre para planejar nossas próximas viagens juntos; livre para procurar um emprego melhor, um novo caminho profissional. Livre para poder buscar uma vida melhor com ela, para crescermos juntos, planejarmos nossa aposentadoria, nossa velhice juntos, de preferência em alguma praia – e eu ainda surfando!
Admito que nem tudo são flores. Algumas liberdades me são negadas hoje. Das coisas que eu gostaria de fazer, nem todas me são permitidas: não posso andar pelado pela casa, “flatulando” por onde eu queira; guardar pedaços de pizza debaixo da cama, nem deixar crescer meu temido bigode estilo mexicano (um dia consigo convencê-la das propriedades terapêuticas e sedutoras de um Bigodon...!!!). Mas, quer saber, isso não é nenhuma prisão. Liberdade mesmo, para mim, é conseguir viver de uma maneira que me faça feliz!


do site estadoanarquista.org
Hoje, além de ser feliz, tenho novas liberdades. Sou livre para continuar minha vida, identificando os problemas que aparecem, tentar resolve-los um a um; livre para procurar livrar-me das prisões que surgem, e que são inerentes a nós, e principalmente, sou livre para escrever o que eu quiser, sem temer o que as pessoas vão pensar - apenas escrever!
do site maxdiversao.com.br
 Por fim, se você teve a paciência – e a liberdade de ler até aqui, aconselho-o a tirar um tempinho para você e, sozinho, olhar para trás. Faça isso em um dia que você esteja de bom humor. Veja sua vida como se estivesse vendo a vida de outra pessoa. Ou um filme. Depois, olhe para o agora. Veja o que você está fazendo com você. Sinta como você é agora. O que pensa, o que deseja, o que faz, o que não faz. Por que não o faz. Quais são suas prisões. E tenha a liberdade de mudar o que sente que precisa ser mudado. E de continuar fazendo o que gosta.
Simplesmente, sinta-se livre. Seja livre. Vale à pena...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Demissão (Tchau...!!!)

Acontece...
do site blog.rodrigorepresentacoes.com.br

Então, por algum motivo, você foi demitido. E agora? Como você se sente? Se você não esperava por isso, então deve estar meio tonto. Surpreso, uma surpresa das ruins. Como acordar cm uma bofetada. Você dormia tranquilamente (não no seu trabalho, claro!) e de repente acordou com a dor e o som do tapa ecoando em sua bochecha!
            Sua primeira reação é raiva! Uma raiva interior que surge após o baque. palavrões e outras reações insistem em aflorar, mas você as contém. A sala do "recursos-humanos" não é o lugar ideal para essa explosão. Logo após a raiva você sente as lágrimas querendo brotar no seu rosto, mas você as inibe. Chorar aqui, nesse exato momento, não seria nada agradável. Não na frente dos outros. E se você gostar do seu emprego talvez até sinta vontade de pedir outra chance, jurar por Deus (sem fazer figa) que irá mudar, adaptar-se, enfim, vai agir da maneira que você não agiu. Vai agradar! Decisão pessoal: não me parece nada bom este tipo de atitude para sua auto-estima. Além do mais, você sabe que não voltarão atrás sobre sua situação. Você já não serve mais para o cargo. Pronto!
do site manifestopi.blogspot.com
            Antes você fazia parte das estatísticas positivas do governo. Carteira assinada. Quando no Jornal Nacional a Fátima Bernardes falava sobre você, com um sorriso no canto da boca e com aquela voz vibrante, você se orgulhava. Pois você era a prova viva de que o Brasil cresceu, que o país estava melhorando!
            Agora você engrossa o caldo das estatísticas que a oposição mais enaltece: a dos desempregados. Dos que sacarão o FGTS, que receberão o seguro-desemprego. E quando o William Bonner for falar sobre você, ele assumirá um ar sério, funesto até, e anunciará os números em tom de tragédia, como que compactuando com a sua situação. Você se deprime. Pois você é a prova viva de que somos realmente um país de terceiro mundo.

do site blog.rodrigorepresentacoes.com.br
            Os motivos de uma demissão podem ser muitos. Mesmo sendo sem justa causa, há sim uma causa. E, para a empresa, sempre justa! Excluindo-se o fator contenção de despesas (e similares) ou inaptidão para o cargo, se você foi demitido, provavelmente deve ter desrespeitado algumas regras. Regras básicas do “Bom Empregado”. Não falo das regras específicas de cada empresa, como horários, sigilo de informações ou de atitudes em geral. Cito as regras para uma boa convivência com os demais. Onde esses “demais” leiam-se chefes e colegas de sala mais antigos – que geralmente têm certeza da superioridade deles em relação a você. Normalmente estas regras são "não-oficiais", e se aplicam a um pequeno núcleo, chefiado por alguém cujo ego é tão inflado que, além de desconhecer o significado da expressão “autocrítica”, acredita piamente que sua decisão prevalece sobre tudo, inclusive sobre as decisões e necessidades de todo o grupo. Para este tipo de chefe, seu núcleo vale mais que a própria empresa. E não importa o quanto você seja um bom funcionário aos olhos dos sócios ou donos da empresa – a cada violação dessas regras, sua “pontuação” irá diminuindo dentro do seu núcleo, e seu chefe direto vai anotando-as, juntando-as, até um dia, arremessá-las contra você. Então, este irá comunicar ao grupo que você já não serve mais, mesmo que você saiba que sim ainda serve. E nunca saberá direito o que foi dito de você...

do site blogdicas.com.br
            Citarei agora algumas destas regras básicas e as possíveis implicações de seu desrespeito. Recomendo que você, antes de lê-las, relaxe bastante, esvazie sua cabeça de quaisquer outras idéias, e analise calmamente os tópicos a seguir.
1.      VOCÊ ERROU DEMAIS. Claro, você erra. Errar é humano. Mas, para seu chefe, você não é mais humano – é empregado. E empregados não podem errar tanto quanto humanos. Talvez você não seja demitido por isso, mas pode ter certeza que, se for demitido, estas advertências serão usadas posteriormente contra você. E não importa se não te explicaram bem o serviço. Se eles sabem o que estão fazendo, esta é sua obrigação também. Mesmo quando não passam o serviço a ser feito para você, afine os ouvidos e escute tudo o que dissererm. Se você não entender, não pergunte - perguntar atrapalha. Para trabalhar em determinados locais, com certas pessoas, mais do que ter “bolas”, elas têm que ser de cristal! Adivinhe mais. Assim você errará menos...
2.      VOCÊ RIU DE MENOS. Algumas coisas foram ditas na sua sala, na sua presença, e você não participou. Não achou as “tiradas-geniais” dos seus superiores ou dos mais antigos, engraçadas. E aí você não conseguiu rir. Também não participou da "crucificação alheia" promovida por estes bem ali, debaixo das suas barbas, por não lhe parecer justo falar mal de alguém quando este não está presente. Além do mais você deve ter-se aliado a pessoas que não caíam bem ao seu “núcleo”. Também não deve ter achado graça nas piadas ofensivas às minorias, quando todos riam de nordestinos ou pobres... Errou, meu amigo. Errou... Neste exato momento todos eles devem estar rindo de você na sua ex-sala.
3.      VOCÊ SAIU DEMAIS DA SALA. Você fuma? Gosta de tomar um café regado a um papinho rápido lá fora? Mesmo que os outros tenham esse costume, se esses outros tiverem mais tempo de empresa que você, não se baseie neles. Você, por estar aqui há menos tempo que eles, não tem os mesmos direitos. Direitos de tempo livre, de socialização extra-sala vêm com o tempo de “casa”. E mesmo que não haja nenhuma tarefa a ser feita, fique na sua sala. Além do mais, e se o telefone tocar, quem vai estar ali para atender? É... Você deveria ter ficado “grudado” na cadeira, ter parado de fumar...
4.      VOCÊ NAO INTERAGIU. Não trouxe o “bolo-prometido”, desonrando assim uma tradição milenar imposta aos recém-chegados. Também não deve ter participado a todos sobre o seu aniversário, e novamente, nada de bolo... Já são dois pecados gastronômicos! Também não deve ter ido à festinha de final de ano da empresa. Isso foi grave! O nome “individual” no convite significava “obrigatório”, e você não quis ir porque não costuma sair sem sua querida esposa. Errou! Sua querida agora deveria ser a empresa! Estas faltas graves ficarão ali, gravadas, e pesarão contra você no dia do Juízo Final...
5.      VOCÊ NÃO TEVE BONS RELACIONAMENTOS. Aposto que você conversava com as copeiras, porteiros, recepcionistas, office-boy, auxiliares... E todos estes gostavam de você, te achavam um “cara-legal”, daquelas pessoas que não se sentem superiores por causa de um cargo, de um contracheque. Se você é assim, aposto que nunca fez o tipo que se pendurava nos “bagos” dos seus superiores. Que não ria com as piadas insossas destes. Não fazia questão de almoçar com a “chefia”, ou de participar de assuntos pessoais destes com os demais “súditos” – colegas de sala. Você poderia fazer como eles – concordar com as idéias do chefe, usando todos os “Sins” e “Oohhs!!”, variando levemente sua entonação. É, decididamente, você não sabe se relacionar. Talvez você seja simples demais...
6.      VOCÊ FALTOU DEMAIS. Se você trabalha numa dessas empresas que em vez de pagar hora-extra ou adotar o sistema de banco de horas, prefere a política do “depois a gente se ajeita”, cuidado! O termo “a gente” nunca inclui você, e esse “se ajeita” nunca será a seu favor. Mesmo que você tenha trabalhado muitos dias além do seu horário, ou até em algum feriado, a conta nunca vai fechar a seu favor. Trabalhos demais com prazos de menos fizeram você almoçar iogurte com pão de queijo em cima do teclado? Não importa, era obrigação sua! Nunca tente somar as horas e os dias a mais, achando que poderá reavê-los. As horas e os dias a seu favor dependerão do humor e da boa vontade do seu chefe. E não importa se os demais faltaram vários dias seguidos, pois suas assinaturas estarão lá, registradas na folha-de-ponto. E sem nenhum desconto em seu salário, ao contrário de você. Lembre-se: seu tempo de trabalho depende única e exclusivamente do seu chefe. Então você pode até achar que tem direitos ou motivos de faltar. Sim, você pode achar isso... Só achar. E, de preferência, em silêncio! Viu? Quem mandou você ser honesto? Poderia muito bem ter conseguido “aquele” atestado médico...
7.      VOCÊ NÃO ENTENDEU NADA. Acho as mulheres em geral a melhor “invenção” do planeta. São simplesmente fascinantes – principalmente a minha! Mas se o seu chefe for uma mulher, então você tem que ser muito perspicaz, observador, adivinho e muito, muito sortudo. Tem que saber lidar com as situações. Lidar com o dia-a-dia.  Quando ela chegar na sala com a “cara-amarrada” no estilo “mulher-elefante” (com aquela tromba arrastando no chão), o que fazer? Se você tentar conversar, terá apenas ruídos incompreensíveis como respostas. Finja que entendeu... Concorde! Se optar pelo isolamento, ficar quieto para não incomodá-la, vai parecer que a está ignorando, e isso vai ofendê-la mais ainda. Aliás, sua simples presença incomoda. Seu silêncio incomoda! E se você faltar, sua ausência idem! O que fazer então? Talvez tornar-se o mais servil dos seres, agindo como a sua colega de sala, que mais antiga que você, sabe bem como agir nesses dias. Observe como ela age, assimile seus olhares, trejeitos, tons de voz; certifique-se de assumir sua postura submissa, decore até as palavras e interjeições usadas por ela e...  Torne-se mulher também! Eu não consegui – na verdade, nem tentei. Talvez por isso tenha sido demitido...
8.      FEELING. E quando você sentir que o clima pesou, que você está próximo de ser decapitado, que a foice se aproxima, não, não tente ter uma conversa franca com a sua “chefa”. Não peça para mudar de setor, não fale da impossibilidade de uma boa convivência com ela, e nem se ofereça para treinar seu possível sucessor. Ah, e principalmente, nuca aponte os erros dela - isso vai deixá-la tão furiosa que sua demissão será iminente. Mesmo sendo um profissional difícil de ser encontrado no mercado, mesmo havendo vaga em outros setores da empresa que não digam respeito a ela, ela é sua "chefa", e encontrará uma maneira de tirá-lo do grupo! Pois ela é a detentora da verdade, e o que ela disser de você será a verdade para todos os demais... Você já era!
do site noticiasimpossiveis.wordpress.com

            Bom, então é isto! Você não serve mais para sua "chefa". Pode até servir para e empresa, mas não para ela. Você vai se sentir um lixo, um inútil, um ser incapacitado que não tem mais condições de gerar lucro para o grupo. Um “Ogro” anti-social que não soube conviver na instituição uma peça defeituosa na engrenagem. Mas, a opção de como vai se sentir é somente sua.
           Você perdeu o emprego. Isso é muito ruim. Mas, se o motivo se encaixar nos itens listados anteriormente, então melhor você encarar os fatos de outra maneira: Você foi demitido, mas foi a empresa quem perdeu você! Isso mesmo: a empresa perdeu você!

... não lembro de que site peguei...
           Afinal, se você sabe que fazia um bom trabalho, sabe que cumpriu bem o seu papel, se até sentia empatia com os sócios da empresa (os donos!), admirava a forma com que o grupo atuava no mercado, gostava da maneira como tudo funcionava ali dentro, e mesmo assim foi expulso por pessoas de esferas menores (micro-chefes), então, regozije-se!!! Foi melhor assim. Continue sendo você mesmo, pois isso é sinal de que você é uma pessoa autêntica, genuína, diferente dos “seres-juncos” – pessoas que, como as plantas homônimas, curvam-se ao sabor dos ventos assim, sem nenhum caráter ou posição própria, indo para onde quer que se lhes ordene.
           Continue sendo o que você é, pois a tendência é você encontrar um lugar melhor para trabalhar. Um lugar que seja compatível com você. É natural. E não falo isso por questões de “justiça divina” ou coisas do gênero. Penso no principio do “plantar-e-colher”. Se você sabe que está plantando boas sementes, em breve terá sua boa plantação. Não desanime, pois este lugar onde você trabalhou ainda não era a “sua” colheita. Não com as pessoas com quem você convivia. A sua está por vir, tenha certeza disso...
           E, por último, se você souber de algum emprego para mim, por favor, entre em contato comigo...
do site dforceblog.com

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Viajandão...

Viagens – Ilha do Mel
... viajandão!!!

Não, isto não vai virar um Blog de viagens. E como disse antes, muito menos um "querido diário"... Decidi falar algo sobre viagens. Seja do jeito que for, viaje!!! Pegue sua mochila, mala de rodinhas, sacola plástica ou seja lá o que for, coloque suas cousas dentro e saia. Vá, conheça novos lugares. Sinta a sensação de estar em um lugar que você nuca viu. Poder sair na rua vestido do jeito que quiser: chinelos de dedo, despenteado, cara amassada, roupas velhas, que ninguém te conhece!! E se falarem mal de você, azar o deles, pois você não estará ali por muito tempo! A sensação de pisar numa rua pela primeira vez, de cruzar com pessoas que você nunca viu, interagir com elas... Seja com grupinhos de excursão ou sozinho, faça isso!!!
Não saberia contar agora quantos lugares conheci, por quantas cidades andei, nem conseguiria precisar o número de pessoas diferentes com as quais interagi em minhas viagens. Só sei que viajar é como fazer uma tatuagem: depois que você faz a primeira, não consegue mais parar...
O que pretendo com esta postagem? Bem, como viajar é algo que me faz bem, decidi publicar nesse blog algumas cousas sobre viagens também. Não vou obedecer a nenhuma ordem cronológica. Como cheguei ontem da Ilha do Mel, bem, esta será a escolhida...
Sei que eu não deveria divulgar a Ilha do Mel, pois isso trará mais gente para lá, e as conseqüências disso nunca são boas. Mesmo assim, decidi fazê-lo, pois os amigos merecem conhecê-la. 


... Ela e eu (careca) na ilha...

Ilha do Mel é um dos lugares que mais gosto de estar aqui no Paraná. Na minha primeira vez, fomos (eu e minha esposa) dispostos a acamparmos. Carregávamos barraca, prancha, malas, até vinho havia. Depois de andarmos alguns quilômetros procurando um camping nos disseram que duas noites atrás havia chovido tanto que muito da ilha havia sido alagado. Como a previsão era de chuva, decidimos não arriscar, e ficamos numa pousada chamada Plâncton. Foi simplesmente inesquecível.
Bom, se você vai à ilha pela primeira vez, lá vão algumas dicas. Primeiramente, prepare o bolso. Sim, Você vai gastar. E bem...
Há uma infinidade de sites como http://www.ilhadomelonline.com.br/,  http://www.ilhadomelpreserve.com.br/comercioeservicossuperdicas.htm com dicas muito boas em relação a preços e sobre o que levar, como ir, etc. Vale a pena conferir.
Quando você vai comprar a passagem para a Ilha terá que escolher entre dois lados: Brasília ou Encantadas. Já fiquei nos 02 lugares, mas particularmente prefiro o primeiro. Embora os nomes digam o contrário, para mim Brasília é que é encantada. Lá você tem mais opções noturnas e praias diferentes. Algumas são calmas, estilo piscina e outras são muito surfáveis!!! Ondas!!!Boas ondas mesmo!!!
Estando na ilha, você vai poder deitar na praia e escutar barulho de praia mesmo, o mar, as ondas, até de passarinhos. Nada de carros passando por perto, nada dos energúmenos com seu som a “trocentos” decibéis, dos vendedores ambulantes te perguntando se você quer comprar isso ou aquilo... Nada disso! Você deita na sua canga ou cadeira de praia e pode dormir, roncar de tanto sossego...
Na praia de fora tem uns caras que trabalham para umas pousadas e restaurantes que de vez em quando aparecem pra te oferecer algo. Você pode alugar guarda-sóis e cadeiras ali mesmo, mas geralmente as pousadas te oferecem. Lembre-se: os preços não são lá muito baratos. Prepare-se para encontrar “ofertas” como 03 cervejas em lata por R$10,00. Ainda na praia de Fora, tem o bar Barranco, bem ali de frente para o mar. Seus preços não são tão caros. E se você fizer o estilo mais “mao-de-vaca”, saia da praia, volte uns 50 metros e encontrará uma distribuidora à sua direita. Lá você será bem atendido e poderá encontrar cerveja em lata a R$ 2,50 e Smirnoff Ice a R$ 4,75, ambas geladas. È uma merceariazinha muito bem abastecida e seus donos não são nada exploradores. Vale à pena bater um papinho com eles...
Se você quer passeios, há uma infinidade deles. Subir no farol da Praia de Fora, caminhar (ou alugar uma bicicleta) e ir até o Forte, caminhar muuuito e passar de Brasília a Encantadas...  De um lado a outro você pode ir de barco, que é bem mais rápido e menos cansativo. Eu e minha Esposa já fizemos esse trajeto à pé, carregando minha querida prancha. Você passa por umas 02 ou 03 praias pra chegar lá. O visual é inesquecível, mas tem que tomar cuidado com dois detalhes. A maré, que se estiver cheia provavelmente não deixará você passar, e a “Pedra-do-Gordo”. Quase chegando na Praia Grande você terá que passar pelas pedras, e num determinado momento terá que passar no meio de duas pedras, num caminho bem estreito, que chamo de “Pedra do Gordo”...  É estreito mesmo. Nós passamos!!!!!
No site do IAP (http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=661)  você encontra algumas distâncias e  tempo de caminhada entre vários lugares. Brasília - Encantadas: 4,8 km / 2h30 - Brasília - Farol: 1,6 km / 30min - Brasília - Fortaleza: 4km / 1h  - Encantadas - Farol: 5,7 km / 2h40 (via Praia) - Encantadas - Fortaleza: 8,8km / 3h30 -     Encantadas - Gruta: 0,6 km / 15 mim. Então prepare os pés....

...na pousada Plancton, esperando as ondas.
Quando der fome, aí entramos numa área delicada. Gostos, bolsos, etc. Particularmente gosto muito do restaurante Mar e Sol. Fica o caminho da Praia de Fora. Pense num lugar onde você come bem (vem muita comida mesmo), e em relação aos preços da ilha, não sai caro. Um prato executivo: arroz, feijão preto, salada, maionese, um vinagrete com mexiliões grandões, uma travessa com generosas fatias de peixe e uma grande quantidade de camarões (Bleargh!!!!), sai por R$ 57,00. Mas, veja bem, eu disse que vem MUITA comida. Muita mesmo!!!! Só que você tem que ter cuidado com uma coisa no lugar: o Júnior!!! Um papagaio muito engraçado e mal humorado que fica solto no restaurante. Se você for mulher ele vai deixar você acariciá-lo quando e como quiser. Mas se você é homem, cuidado. O tal papagaio não é chegado – ele vai te beliscar. Passei por isso – dói!!!
Também tem o Bora Bora onde jantamos algumas vezes. Os pastéis deliciosos que eles tinham já não existem mais. Eles têm pizzas boas e com preços razoáveis, além de sanduíches,  petiscos e alguns drinks. Tem também o Astral da Ilha, cujo dono (Guilherme) é um cara gente fina. Lá é uma pousada e espaço gastronômico. Embora não seja barato, eles dedicam atenção especial à gastronomia. Tem até comida japonesa. O açaí deles é bom. O café da manhã também. Peça pra fazer uma omelete e você vai se deliciar... Se você for jantar lá escutará musica ao vivo. Boa, mas às vezes enche um pouco, pois os caras tocam bem ali no seu ouvido. Na pousada Grajagan você também tem boas opções de comer, embora seus preços não sejam muito bonitos.
Pousadas: depende de bolsos e gostos!!! Desta vez fiquei numa pousada recém inaugurada, Natureza da Ilha (http://www.pousadanaturezadailha.com/). Embora seja de frente para a praia, ela fica meio escondida, e seu site não aparece nos mecanismos de busca (Google). A meu ver esta é  uma das melhores pousadas da ilha. Além da localização, do ambiente, do conforto, pode acreditar, o atendimento é de primeira. Ótimos serviços e uma simpatia daquelas difíceis de encontrar por aí.
... Café da manhã na Figueira é aqui...
Na ilha, minha pousada preferida é a Canto da Figueira (http://www.cantodafigueira.com.br/). Além dos quartos há “O” CHALÉ. Uma casa rústica, com as paredes de vidro, dois andares, lareira, e um ambiente daqueles que você nuca esquece. Sabe aquele lugar onde tudo é bem pensado, bem organizado? Nada destoa lá. E lá você também é muito bem atendido. A pousada fica perto da Praia de fora. Alguns passos antes de você chegar no Astral de Ilha, vire num caminhozinho à direita e logo estará lá. Ela fica debaixo de uma figueira gigante. O café da manhã é muito bom. Mesmo...

... Entrada da Pousada Canto da Figueira
Ainda não fiquei na pousada Astral da Ilha (http://www.astraldailha.com.br/) por não ter conseguido vaga (está sempre cheia!!!). O Guilherme nos mostrou um dos quartos e me parece ser algo de outro mundo. Os detalhes do quarto realmente encantam. Sabe aquele cara que quando estava construindo a pousada, entrava no quarto e ficava um tempão olhando o espaço com olhar de hóspede? O cara pensou até no teto... Simplesmente incrível o lugar!!! Sim, sei que conseguirei vaga um dia. E no inverno você ainda ganha uma garrafa de vinho tinto – pelo menos ele falou isso...
Outra pousada que gosto muito é a pousada Plâncton (http://www.pousadaplancton.com.br/br/inicio.php), no caminho da praia de fora. Uma pousada um pouco mais simples que as anteriores, mas muito boa em relação custo x benefício. Bonita, limpa, quartos muito bons, bom café da manhã. Os donos são bem atenciosos. Não tem frigobar nem ar condicionado, mas é uma pousada muito boa!!!! Na entrada há um quiosque com umas mesinhas e cadeiras que te chamam para um final de tarde com uma cerveja beeem gelada... e outra, e outra... E alem do mais tem o Antero. Um Golden Retriever branco que é uma personalidade na Ilha. Vive solto andando pelas praias, e se você o chamar ele vem dividir a sombra do seu guarda-sol com você. Mas, atenção: não pare de fazer carinho nele. Se você parar ele exige mais... Graande figura!!!!
... Nego Blue. No stress, man...!!!
Ficamos outra vez na Pousada Grajagan (http://www.grajagan.com.br/), na Praia Grande. É chamado de resort, e é um daqueles lugares que você não sabe se aprecia a beleza ou tira fotos... Detalhes lindíssimos, chalés bem rústicos, um lugar totalmente surf... Café da manhã perigoso, daqueles que você com tanto que depois sai rolando até a praia... Tem uma lojinha na pousada que vende umas cousas bem legais. Os chalés ficam espalhados por uma área muito verde, tipo mato mesmo!!! O restaurante da pousada é bem convidativo, e os espaços como decks e mirantes também.
Bom, você não vai pra Ilha pra ficar numa pousada o dia inteiro. E com certeza vai querer sair à noite. Aí é com você. Se gosta de forró, lá sempre tem algum (Toca do Abutre, Barranco, etc.)  Se quer sentar num bar e ouvir musica, vários lugares (Astral, Bora Bora, etc.) Não vou falar muito sobre isso, pois gostos são pessoais. Recomendo bastante você procurar o Nego Blue. Se você der sorte, poderá escutá-lo em algum lugar da Ilha. Você não vai se arrepender. O cara, além de cantar bem e ter uma banda muito boa, em parceria com o Negreti, é uma figura!!! Daqueles folclóricos mesmo. De uma olhada no clip dos caras (http://www.youtube.com/watch?v=jJENKnUxi3s). até compramos um CD deles... Eles são o retrato da Ilha do Mel.
Blue - a voz da Ilha...

Quando você estiver na Ilha, procure andar sem pressa. As pessoas que andam pela trilha geralmente te comprimentam. Comprimente-as primeiro. Se você fuma, as bitucas de cigarro tem seus lugares reservados longe do chão das trilhas. Não deixe de parar em qualquer lugar da ilha e sentir o cheiro do mato, do mar, das trilhas... Não deixe de sentar na areia da praia à noite e olhar o céu estrelado, sem nenhuma luz de nenhum poste para ofuscá-lo. E não deixe de correr rindo quando você for pego por uma chuvarada no meio do caminho e não tiver para onde ir... 
Não esqueça repelentes a lanterna tambám...
Bom, o ruim da Ilha é ir embora... Nesta época do ano a última barca sai da lá às 20h, e é difícil deixar o lugar, sabendo pra onde você vai voltar... Mas por enquanto, não tem jeito.
Então, chega, vou voltar ao mundo “civilizado”... Se você não conhece a Ilha do Mel ainda, vá.... Até a “gringolândia” já descobriu o local. Argentinos, uruguaios e até alguns europeus andam por lá... Isso significa que o lugar é especial mesmo, pois se eles vêm de tão longe, é porque vale à pena.
E significa também que está mais do que na hora de você conhecer, pois conheço muito bem esta equação: TURISMO EXCESSIVO + ESTRANGEIROS EM EXCESSO = PREÇOS EXORBITANTES X SUJEIRA IMINIETE. Vi essa equação ter esse resultado em vários lugares como em minha querida Ponta Negra, minha amada Pipa e em muitos outros lugares...

... Vale à pena estar em qualquer mar...
Então, aproveite para conhecer logo a Ilha do Mel... Ainda vale à pena!!!!